Desafios da Participação das Mulheres como Cabeças de Listas dos Partidos Políticos nas Eleições


Desafios da Participação das Mulheres como Cabeças de Listas dos Partidos Políticos nas Eleições

As mulheres são grandes gestoras, elas têm um grande potencial para serem líderes. Porém, enfrentam grandes desafios principais na inserção na vida política.

Será por negligência da sociedade ou das mulheres?

O machismo e a falta de união das mulheres são factores que podem explicar a baixa participação da política afirmou Elisa Muianga do Instituto para Democracia Multipartidária- IMD (dw).

Segundo Muianga, as mulheres em Moçambique estão a começar agora a interessar-se, a perceber que política é o dia-a-dia delas e elas devem ser membros mas encontraram, evidentemente, um obstáculo porque os homens acham que o espaço político é um espaço deles, ou seja, eles é que percebem é que ditam as regras (Ibidem).


Segundo Gloria Nyamuzuwe, no seu artigo “Análise da Participação das Mulheres nas Eleições em Moçambique”, nas zonas rurais há falta de conhecimento sobre os direitos das mulheres na participação política devido aos elevados níveis de analfabetismo e programas de educação eleitoral fracos e menos eficazes são razão da elevada abstenção eleitoral entre as mulheres rurais. A maioria das mulheres rurais são analfabetas e isso faz com que elas não valorizem as eleições. Além do Analfabetismo, há papéis múltiplos de  género das mulheres, em particular os seus deveres no seio da família, foram apontados como um factor que limita o seu envolvimento no processo eleitoral. Elas passam muito tempo a trabalhar nas suas machambas (fazer actividades agrícolas) e a vender nos mercados para poderem suportar as suas famílias. Isso deixa-as com muito pouco tempo para se envolverem na política eleitoral. Por exemplo, observou-se que durante as últimas eleições gerais (2014), a água não estava a fluir na zona residencial de Maxaquene (Cidade de Maputo), pelo que algumas mulheres optaram por ir à busca de água em vez de irem votar. A sobrecarga dos papéis de género também os deixa sem muito tempo para participar na educação cívica eleitoral, tantas mulheres, especialmente nas zonas rurais, continuam a ser deixadas de fora.


Alguns estudos também apontam a falta de vontade política e o machismo nos partidos políticos são considerados um obstáculo ou uma limitação à participação das mulheres, especialmente como candidatas. Por vezes, as mulheres candidatas são apresentadas como uma estratégia política para  atrair o voto da mulher, mas há sempre um homem atrás dela que dá as ordens, pelo que, apesar de ela estar presente, a sua participação não é efectiva. A política continua sendo considerada como um espaço para homens. Os partidos políticos determinam quem é nomeado e apesar de existir um sistema de quotas voluntárias em Moçambique, este não é implementado pela maioria dos partidos políticos. Em alguns casos, uma candidata é apoiada por causa das suas relações familiares com membros poderosos do partido (Ibidem).

A falta de capacidade entre as mulheres candidatas foi citada como razão da fraca participação das mulheres como candidatas. Alguns partidos políticos usam isto como desculpa para não ter mulheres nas suas listas. Rui Semente, Presidente do Fórum das ONG em Sofala (FOPROSA), citando as experiências da sua organização como observadores eleitorais durante as eleições autárquicas de 2018, disse que a falta de capacidade foi usada como justificação pelos partidos políticos.

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